Reflexão sobre Bernardinho (treinador de vôlei)


Formado em economia, sua história no vôlei tem um desfecho curioso e improvável.


Aos 30 anos, após decidir encerrar sua carreira como atleta e retomar profissionalmente para a área da economia, Bernardinho recebe uma ligação inesperada. 

 – Alô!

 – Oi, Bernardo, surgiu uma oportunidade fantástica para você! – disse Dulce, diretora da equipe.

 – E o que um país como a Itália iria querer de um levantador de 30 anos, cuja carreira não tenha conquistado nada expressivo?

 – Não é para jogar Bernardo – explicou Dulce – é para treinar o time feminino do Perugia – e completou – só tem um problema, a equipe está em último lugar no campeonato, somando 14 derrotas em 15 jogos.

Quando souberam que Bernardinho havia aceito tal proposta os comentários foram divididos. Uns o chamavam de louco enquanto outros de corajoso.

Diante disso, Bernardo respondeu:

“Não me chamem de louco porque não sou, como também não se trata de coragem, pois assim seria se a equipe estivesse em primeiro lugar e não em último. Não tenho nada a perder”

Se melhorarmos serei um herói, se mantivermos o desempenho, será uma coisa normal.

Com o tempo, a equipe melhorou, mas nada significativo. Entretanto, esta foi a experiência que iniciou sua carreira como técnico e que o fez criar conceitos e princípios de trabalho.


Ele que acredita na meritocracia, usa a virtude do esforço como primordial em sua gestão.


Exige que seus atletas se entreguem ao máximo durante o processo, mesmo que isso gere aborrecimento de alguns jogadores, e até o xingue por pensamento como na seleção brasileira, masculino, quando os fez treinar no asfalto do estacionamento já que o ginásio se encontrara interditado.

Aliás, Bernardinho demonstra ser bem rígido com suas equipes, bem como no feminino quando tristemente naturalizou um fato como este:

“Talvez uma ou outra chorasse, ou me xingasse em silêncio”


Seria isso uma coisa normal?

Contudo, Bernardinho conquistou carinho de diversos atletas durante sua carreira, pelo menos da maioria.

Na seleção feminina, alcançou o bronze olímpico em 1996 e 2000.

No masculino, garantiu o ouro  olímpico em 2004 e 2016. Além de se tornar tricampeão mundial.

Atualmente, após pedir desligamento da seleção Francesa alegando problemas pessoais, Bernardinho comanda a equipe do SESC masculino.

Texto escrito pelo Prof. Gabriel Silva


Sua posição dentro do jogo!

Uma das maiores conquistas do atleta dentro do jogo é conseguir identificar sua posição de ofício. Parece fácil, porém pelas variáveis ​​é comum fazer-se por duvidoso as decisões.


Essas dúvidas e incertezas são baseadas na ausência de experiências ainda quando criança, já que lá no início não se desenvolveu estratégias adequadas a este objetivo.


A não especialização na infância é fundamental para estimular o número de vivências dentre as posições, pois, é principalmente nesta fase que o jogador encontra possibilidades de conhecer o máximo possível do jogo dentro de seu campo de atuação.


Pergunte a um adulto qual posição ele joga. Alguns, com convicção lhe responderão. Entretanto, um grande número cheio de incertezas apontará apenas alternativas que em sua cabeça foi construído por opinião de terceiros, mas decididamente a grande maioria não terá de fato uma afirmação sólida.


Penso ainda, como partida do processo ensino-aprendizagem a agregação de aspectos teóricos aos praticantes na busca de unir teoria e prática como uma maximização do entendimento e conhecimento do jogo de um modo geral.


Você conhece sua posição em alguma modalidade? Qual? E como foi para descobrir? 

“Em final de campeonato não se joga? Se ganha?”

É provável que já tenha ouvido esta expressão no contexto esportivo sendo pronunciado, principalmente por líderes inseridos nestes momentos cruciais de uma competição: ”Em final de campeonato, não se joga, se ganha”, em outras palavras: “vença a partida não importa o que tenha que fazer”. 


Quando se referimos a “final de campeonato”, pode significar o resultado de muito esforço e qualidade para ter chegado a tal destino. É o último jogo para se concretizar um trabalho desacreditado ou apenas concluir aquilo que já era previsto. 


Mas separados por uma “vírgula” vem às seguintes palavras: “não se joga, se ganha”. De fato o que isso pode significar? Aqui fica claro a importância de se ganhar a partida, independente das circunstâncias. Logo chegamos à percepção de que tudo é valido para garantir a tão sonhada vitória. 


Porem cabe inclusive ser antiético? Ser violento? Ser desleal? Até que ponto, esta ânsia de vitória pode ser considerado positivo? 


Se baseando no livro “Futsal, as descobertas de Gael”, o professor Damasco, (um dos principais personagens do livro) traz a seguinte reflexão: “Vença o jogo de modo limpo, leal e se entregue ao máximo”. Com esta indicação, ressignificamos a expressão, e traz a ideia de esforço acima de tudo. 


Quando se tem isso, seja no aspecto coletivo ou individual já pode se considerar digno de merecimento independente da posição ou resultados alcançados. Vencer sempre é bom, porem, compete a você, analisar o que de fato é uma vitória. O placar ou os valores adquiridos?


 

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Meninos e meninas podem praticar esporte juntos?

Temos atualmente o hipismo e a vela como esportes capazes de unir o sexo masculino e feminino numa única modalidade.  Já em todas as outras há a separação entre homens e mulheres.


Pela ótica da fisiologia, o sexo masculino possui maior aptidão física em relação ao feminino. Por conseqüência a divisão das categorias são justas e indiscutíveis. 


Entretanto, ambos os sexos podem atuar juntos até a puberdade, que varia dos oito aos 13 anos. A partir deste período os corpos começam a ganhar proporções diferentes de modo que inicia o diferencial masculino, no aspecto físico. 


Mas e dentro da escola e dentro de projetos sociais da qual não há a possibilidade de criar outros horários de atividade, alem de ser importante a interação entre os alunos? Como trabalhar isso? 


O esporte quando chega ao contexto escolar e em projetos sociais deve entrar com uma configuração diferente em relação a clubes e formações de atletas. 


O profissional da educação física se encontra como um dos principais intermediadores desta questão entre gênero e esporte. São a partir de atividades em conjunto de ambos os sexos que poderá iniciar uma ressignificação destes valores e por conseqüência esplandecer a importância da relação entre meninos e meninas numa mesma atividade, seja um esporte, jogo ou brincadeira. 


Embora, em determinadas atividades os meninos irão apresentar maior habilidade ou maior capacidade física, as meninas também irão se sobressair em relação aos meninos em alguns casos. 


A ideia é que o esporte seja uma ponte a aspectos sociais, promover a igualdade e uma prática esportiva saudável, de modo que todos possam participar de maneira igual. Jogando o mesmo tempo. Participando com a mesma freqüência e sentindo o gosto da vitória e da derrota na mesma proporção. 


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O aluno não é retardado!

A partir das minhas experiências no ensinamento do esporte, percebi que é importante conceder ao aluno a oportunidade dele auto se analisar dentro de suas ações. 


O professor que aponta os erros de imediato ou não permite tempo suficiente para o educando passar por este processo de reflexão, limita a capacidade de desenvolvimento avaliativo. 


Em conversa com alguns atletas, e linkando com minhas vivências enquanto aluno, é perceptível que quando o próprio educando detecta algo a melhorar ou entende a importância de realizar determinada ação a motivação de realizar é maior que quando o professor o solicita. 


Sendo assim, acredito que seja importante rever a quantidade de intervenções que ocorre dentro do ensinamento esportivo, para que o aprendizado seja cada vez mais produtivo. 


Estes conceitos apresentados se encaixam igualmente em diversos outros seguimentos profissionais e da vida de um modo geral.


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Esforço e talento!

“O trabalho duro ganha do talento quando o talento não trabalha duro” – Kevin Durant 


No contexto esportivo, é comum se rotular o praticante em talentoso e não talentoso. Olha-se algumas ações do aluno durante a prática e já se determina se ele nasceu ou não para aquele esporte. 


Trago este exemplo, pois percebo na prática o quanto este tipo de avaliação ocorre no cenário do esporte. Uma criança que não consegue driblar o colega em algumas tentativas é rotulada como ruim ou incapacitada. 


Já aquele, que no primeiro arremesso acerta uma de três, é considerado craque. O que é comum ouvir: “Este nasceu com o dom”, “Nem precisa treinar que é fera”, “É só pegar um bom empresário que vai ser profissional”. 


Uma pesquisa feita por Carol Dweck (professora de psicologia na universidade de Stanford e autora do livro: Mindset: a nova psicologia do sucesso), apresenta que o esforço e o talento estão ligeiramente ligados, mas a dedicação é o que potencializa a evolução do indivíduo. 


Há diversos exemplos no esporte de atletas com poucas condições favoráveis que se sobressaíram e alcançaram patamares elevados. Na mesma medida, atletas com grande potencial, caíram de rendimento durante os anos e a falta de comprometimento com os treinos foi um dos, se não, o principal fator. 


Destaca-se, Guga. Baixo rendimento nas competições sul-americanas em sua infância e adolescência, poderia ter desistido ali do tênis. Entretanto, persistiu e se tornou tri campeão de Roland Garros. Michael Jordan, no ensino médio não participou da seleção principal por atuar a quem do esperado. Posteriormente, virou uma lenda no basquete mundial. Mogssy Bogues jogou basquete na NBA com apenas 1,57m de altura. 


É visível o que a força de vontade pode proporcionar, e mais do que isso, por mais que o aluno ou praticante não demonstre certa categoria em determinado esporte, cuidado com a rotulação prematura, pois como visto, craques em suas modalidades foram antes, atletas normais e medianos.


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Individualidade e individualismo

Você já parou pra pensar se é uma pessoa individual ou individualista? Ou se exerce mais uma que a outra?


Vamos entender mais sobre isso… 


A individualidade é uma característica pessoal que se baseia na formação de novas ideias a partir de uma relação social saudável no contexto da qual está inserido. Em outras palavras, é conseguir desenvolver suas tarefas e atividades recebendo de maneira aberta às sugestões e críticas alheias. 


Aplicar a individualidade consiste em ser independente ou formar seres autônomos que consigam realizar suas coisas sozinhas, porém atendendo abertamente informações de terceiros e solicitando ajuda quando necessário. 


Dentro de uma equipe esportiva, por exemplo, é o jogador desenvolver suas atribuições, mas sempre pensando no melhor para o time. Deixar o companheiro fazer um gol ou ponto em seu lugar se aquela for à melhor opção. Assim é a individualidade. 


O individualismo, por sua vez é marcado por uma personalidade egoísta e dependente. Busca sempre em primeiro plano seus interesses pessoais e não se importa, ou faz pouco caso com as conseqüências de seus atos, desde que não o afete diretamente. 


Se irrita facilmente, quando alguém aponta caminhos diferentes ou possibilidades alternativas como sugestão em suas atividades. Essa característica promove também, seres dependentes que necessitam de ajuda de outras pessoas para fazer suas coisas pessoais. 


No contexto do esporte, o jogador que exerce o individualismo geralmente é aquele “fominha” ou aquele que se preocupa exclusivamente com seu sucesso pessoal. 


Augusto Cury acrescenta que o individualismo é uma característica doentia da personalidade, ancorada na incapacidade de aprender com os outros, na carência de solidariedade, no desejo de atender em primeiro, segundo e terceiro lugar aos próprios interesses. 


Em último lugar ficam as necessidades dos outros. E afirma que desenvolvemos freqüentemente o individualismo, e não a individualidade. 


Pensar só no outro, como pensar só em si, não é, certamente a melhor opção. 


O segredo de tudo está no equilíbrio. Buscar a individualidade atrelada com o individualismo pode vir a ser o caminho ideal. 


Mas cuidado para que não ajam distorções dessas ideias. Um abraço!

                                                                                                                                                                                                                    Augusto Cury é escritor, pesquisador e Dr. em psicologia e psiquiatria.

Autoridade e autoritarismo

Os fortes usam as ideias, enquanto os fracos, a opressão” Augusto Cury 


É perceptível que o conceito de liderança ocorre distorções preocupantes pelos profissionais de ensino, pais e outros educadores, tornando-se até imaturo e doentio. 


Muitos líderes inclusive, não podem ser desafiados, às vezes, nem mesmo questionados, que imediatamente elevam o tom de voz. Alguns gritam quando decepcionados, outros humilham para mostrar que quem manda é eles, até chegar a punições físicas.


professores autoritários agem como se tivessem em uma queda de braço com seus subordinados, enquanto o professor de autoridade se preocupa em formar pensadores. 


Professores comuns querem ganhar a discussão, enquanto professores inspiradores querem ganhar o coração. 


A grande diferença está no período de resultado, isto é, o autoritário promove seguidores em curto prazo, de modo que obedecem a suas ordens de imediato, porém não facilita a produção de pessoas com ideias diferentes da sua. 


Já o que incorpora a autoridade, está investindo humanamente em médio e longo prazo. Está formando um novo líder, está formando um ser crítico e pensante que não realizará suas atividades como um robô ou um carrinho que sua corda é puxada e inicia uma jornada definida. Não, literalmente, Não! 


O educando que tem seu professor como uma autoridade irá desenvolver suas atribuições sempre pensando em como fazer diferente, em como melhorar o processo, em como ter melhores resultados. 


A construção de uma sociedade melhor requer anos que talvez nem estejamos mais aqui para ver. Porém, os líderes estão lançando sementes que serão cultivadas num futuro imprevisível. 


O que você está plantando?


Augusto Cury é escritor, pesquisador e Dr. em psicologia e psiquiatria.

1 “chuta” vale mais que 10 “chuta”

Já dizia Augusto Cury, nossa mente possui um fenômeno chamado psico-adaptação. Esta característica está ligada a maneira que o cérebro se adéqua a todas as situações, com destaque ao ambiente, matérias e palavras.


Quando se compra um carro zero, ou alguma outra coisa da qual desejou profundamente, ocorre de princípio um impacto forte na pessoa. Entretanto, conforme a utilização frequente do veículo, o cérebro entende como algo relativamente normal. Podemos nos referenciar também, a quem mora no litoral. São tantas ás vezes em contato com a praia, que com o tempo a mente se adapta. 


Assim é também no relacionamento, dinheiro, profissão, atitudes e igualmente no ensinamento do esporte. Quando se diz por diversas vezes a mesma palavra ou a mesma orientação, elas passam a participar da psico-adaptação da mente. Logo, começa a se tornar natural e vai perdendo valor com o tempo. 


Não estou dizendo que a repetição em todos os aspectos sejam prejudiciais, muito pelo contrário, alguns pesquisadores relatam a importância destas constâncias para fixar melhor as informações na cabeça dos alunos.


Contudo, saiba valorizar suas palavras, suas ações e suas ideias. As utilize somente quando necessário. Não as fique usando em vão. E lembre-se: Aprender é diferente de se adaptar.