
O Mundial de Clubes FIFA 2025 com este novo formato se apresenta como uma celebração do futebol global. Com 32 times representando todos os continentes, a competição reúne os maiores campeões do planeta. Mas, ao olharmos com atenção para a estrutura de premiação financeira, percebemos que o que deveria ser uma festa da diversidade esportiva é, na verdade, um palco para reforçar as desigualdades que tanto se tenta superar há décadas.
Segundo dados oficiais, um clube europeu recebe convertido em reais R$ 206 milhões apenas por participar, enquanto um clube da Oceania, por exemplo, recebe apenas R$ 19 milhões. Isso antes mesmo do apito inicial. Ou seja: a competição começa com o resultado financeiro já definido independente do seu potencial ou superação para ter chegado até o campeonato.
Obviamente, os Clubes Europeus oferecem um alto poder comercial à competição, no entanto é inaceitável que clubes campeões continentais como da África e América Latina sejam tratados como figurantes, enquanto clubes Europeus já milionários classificados por ranking (sem título) sejam premiados com valores astronômicos.
Esse modelo não premia o mérito esportivo. Ele premia o status econômico.
Isso fere o espírito do esporte. Afinal, como promover uma competição global justa, se a própria FIFA, organizadora do evento, financia o desequilíbrio desde o começo?
A justificativa de “retorno comercial” é uma armadilha lógica: quem recebe mais, investe mais, conquista mais, vende mais. E o ciclo se repete, excluindo quem deveria ser incluído. Um Mundial de Clubes deveria nivelar o futebol, não empurrar ainda mais os clubes periféricos para a margem.
Dito isto, concluo minha reflexão dizendo que o futebol pertence ao mundo e o mundo não é feito só de euros e libras. É feito de paixão, emoção e esforço. E esses valores não podem ser ignorados pela entidade que diz representar o esporte mundial.
Se a FIFA quer mesmo um campeonato digno do nome Mundial de clubes, precisa começar a tratar todos os clubes como parte do mesmo planeta.
Texto escrito por Gabriel Silva.
Profissional de Educação Física e escritor.