Casagrande usou drogas pela primeira vez aos 15 anos quando fumou maconha a convite de um grupo da pesada que morava no mesmo bairro. Segundo ele, o que mais impulsiona a curiosidade é o próprio rótulo de “proibido”
Com o passar dos anos e marcado pela polícia por seu um dos percussores do movimento “Democracia Corintiana” que buscava redemocratizar o país em período de ditadura militar.
Os tiras ficavam furiosos por nunca conseguirem o encontrar com algum flagrante.
Como na vez, ao identificar Casagrande com mais dois amigos os pararam de imediato e iniciaram as revistas. Mesmo percebendo que o grupo estava sob efeito de maconha não puderam fazer nada já que não encontram nenhuma prova que os incriminassem.
Ao perceber que os policiais estavam a se retirar, Casão desafiador toda vida, levantou-se rapidamente e perguntou:
Sargento, o senhor tem fogo? – Enquanto tirou um cigarro do bolso.
A equipe saiu cantando pneu de raiva, e Casagrande “rachou o bico”, enquanto seus amigos o chamava de louco.
Mas em uma oportunidade, foi quase trágico, indo embora de um jogo válido pelo campeonato Paulista, Casão com seus comparsas de aventura seguiam pela avenida marginal fumando um baseado, quando avistaram em baixo da ponte a diante uma blitz da rota com os faróis apagados.
Rapidamente, Casagrande jogou o cigarro de maconha pela janela, mas por infelicidade os tiras viram e sem hesitar mandaram encostar o carro.
Ao perceberem que estavam diante de um dos líderes da Democracia Corintiana, não perderam tempo, iniciou-se um espancamento exigindo que entregassem a droga.
Propositalmente, batiam na região do estômago para não deixar marcas e inibir a possibilidade de sangue. A esta altura, Casagrande temia em ser preso e perder credibilidade com a atividade democrática, pois sabia que a mídia iria deteriorar sua imagem.
Quando já não aguentavam e desesperadamente pediam para cessar a surra, um carro passou em disparada sobre eles e o rádio do camburão informou que se tratava de suspeitos de assalto a banco.
Por sorte, os agentes da rota os deixaram ali e seguiram atrás do tal “ladrão”.
Só que brevemente a polícia local ao dar uma geral em Casagrande, implantaram uma quantidade de cocaína durante a blitz e alegaram ser dele. O levaram preso e fizeram questão de expô-lo abertamente à mídia como portador de drogas. Dias depois foi liberado.
Sua trajetória como profissional no futebol, começou cedo, aos 15 anos, mesmo período que experimentou drogas pela primeira vez.
No corinthians, com sua personalidade autentica, teve dificuldades com alguns técnicos, justamente pela falta de abertura dos mesmos e imposição de ideias, tais métodos que Casa sempre reivindicou, pois acredita que as discussões em conjunto são imprescíndíveis dentro de um grupo, comunidade ou sociedade.
Esta concepção inclusive amadureceu dentro do movimento Democracia Corintiana, uma vez que a diretoria ao pretender contratar determinado jogador, isso entrava em votação dentro o clube e o lado que apresentasse maior quantidade de votos se sobressaia á decisão. Diversos nomes foram vetados pela carência de votos.
Tanto que sua identificação com o PT (Partido dos Trabalhadores) se deu por conta do partido defender estes ideais como muitos outros aspectos humanistas a qual foi o motivador para Casagrande ajudar inclusive arrecadar fundos para suas ações.
Além disso, defende a ideia de que a oposição de pensamentos não pode ser um fator de separação de pessoas, pois ele mesmo relata:
– “Eu me tornei mais flexível como o tempo e até me dou bem com o (Emerson Leão) Leão, com quem tive sérios problemas na época do Corinthians. Eu e ele temos filosofias e conceitos totalmente opostos, mas podemos manter, mesmo assim, uma relação amigável”. Isso, afinal é o princípio da própria democracia.
Casagrande consumiu tanta droga, especificamente cocaína e heroína que teve uma convulsão quase que fatal. Apesar de querer se “limpar”, a dependência tornou tal decisão ainda mais difícil.
Em 2007, já na condição de comentarista esportivo, se manteve acordado por três dias e seu corpo sofreu um “apagão”, justamente quando estava a dirigir seu carro. Por sorte, sobreviveu, mas isto custou o fim de seu casamento, pois teve que confessar a dependência química a esposa. Até então ela não havia percebido, pois o ex jogador disfarçava muito bem.
Sua família, ao perceberem que Walter (seu verdadeiro nome) se encontrava eu grau extremo do vício o internou forçado.
Óbvio que ele não aceitou, mas não tinha mais jeito, já estava na clínica de recuperação, a qual era proibida qualquer tipo de visita ou contato com alguém externo, exatamente para inibir a possibilidade de o paciente convencer seus familiares a interromper o tratamento.
Casagrande, com o tempo aceitou a realidade e se manteve internado por sete meses. A rede globo, emissora que o tinha como funcionário não interferiu em seu contrato e foi fiel aos pagamentos de salários.
Atualmente, Casão anda completamente “limpo”, não suporta o cheiro de maconha e evita incansavelmente ambientes e amizades que remeta de alguma forma às drogas.
Solteiro, e morando sozinho, passa com três psicólogos e praticamente não sai de casa a não ser para trabalhar. Casagrande é um defensor exemplar da democracia e renega qualquer tipo de autoritarismo dentro do cenário social.
Texto escrito pelo Prof. Gabriel Silva